23 agosto 2006

OmbudsPE: Sitio de Monitoramento da Imprensa Pernambucana - www.cclf.org.br

MST
Os fatos não bastam


Para se entender todas as questões que envolvem o assassinato dos dois dirigentes sem-terra em Moreno e a posterior prisão do coordenador Jaime Amorim sob uma arbitrária acusação, é preciso que algumas perguntas sejam respondidas. Relatar os fatos, é importante, mas não basta .É preciso que se questione o que está por trás deles.

A coluna do JC nas Ruas, do Jornal do Commercio, é um exemplo disso. A jornalista pergunta o que se poderia ter questionado às fontes do TJ “por que uma determinação expedida no dia 6 de julho só agora foi cumprida?”. O JC continua trazendo para a opinião pública o máximo de informações distribuída em uma matéria principal, quatro vinculadas e uma entrevista com Jaime Amorim.

O Diário de Pernambuco faz um simples relato dos fatos, sem qualquer aprofundamento. Quando fala sobre o enterro dos militantes assassinados, ainda sugere: “não houve registro de incidentes”. Ora, é como se estivessem esperando qualquer tipo de confusão no momento. Lamentável!

A Folha de Pernambuco perdeu o foco da notícia. Traz uma matéria com Murilo Araújo. O empresário-político, de acordo com os acampados, era quem orientava os suspeitos de terem praticado o duplo assassinato. Era quem os aconselhava dividir o assentamento em grupos de sem-teto e de sem-terra, visando à uma possível indenização ofertada pela Companhia Pernambucana de Gás (Copergás).

Poderia ter aproveitado para questionar o que nenhum jornal questionou. Como por exemplo, quem é esse dono da rádio Pernambuco FM? Que liderança política ele tem em Bonança? É ligado a algum partido? Qual é a sua relação com a Copergás? Ele iria ganhar por isso? Como as questões econômicas interferem em pagamentos de infiltrados em movimentos? O que o DER tem a ver com essa história?

Em todas as matérias há um desencontro na informação sobre quem são os assassinos dos integrantes do MST. A direção estadual do MST – Pernambuco divulgou uma nota hoje em que explica que “os dois dirigentes estaduais não foram assassinados por outros companheiros, mas sim por pessoas infiltradas no acampamento com o intuito de desmobilizar os agricultores Sem Terra e desmoralizar o Movimento.” A carta está, na íntegra no site do CCLF.

É importante que se explicite também que a manifestação em que Jaime Amorim se encontrava, em novembro do ano passado, em frente ao Consulado Americano (motivo alegado para sua prisão) não foi organizada pelo MST, mas por vários movimentos sociais da cidade do Recife. Naquele mesmo dia, diversos protestos semelhantes aconteciam em todo o Brasil.

As questões políticas (eleitorais ou não) que estão por trás da prisão de Jaime devem ser apuradas, senão pelas autoridades competentes, ao menos pelos veículos de comunicação que se definem como independentes.

Com tantas nuances da “verdade” por aí, é fundamental a ousadia e a coragem de jornalistas para que possam esclarecer à opinião pública o que realmente está acontecendo, seja no caso dos militantes assassinatos ou no do ativista preso.

Retirado de: http://www.ombudspe.org.br/ombudspe.php

OmbudsMan > é um profissional contratado por um órgão, instituição ou empresa que tem a função de receber críticas, sugestões, reclamações e deve agir em defesa imparcial da comunidade.
A palavra passou às línguas modernas através do sueco (ombudsman significa representante). De fato, em 1809, surgiram na Suécia normas legais que criaram o cargo de agente parlamentar de justiça para limitar os poderes do rei.
Atualmente, o termo é usado tanto no âmbito privado como público para designar um elo imparcial entre uma instituição e sua comunidade de usuários.

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